Palavras são perdas que carrego

Quero andar
sabendo das perdas que carrego
o passado impiedoso
e o que eu crio a partir dele

os arranjos da guitarra
os rearranjos do viver
a mais desconfortável parte do meu corpo
bem como os prazeres que ele permite

os passos largos de desperdício
os curtos prazos que tudo tem
as duras penas de ser condenado
as leves brisas de acordar

as ofensas que escutei
usadas de escada ou semáforo
as tantas outras que causei
tão doídas quanto os olhares de decepção

o picante chá de gengibre a cada dor de garganta
o amargo café que adoça as ternas tardes
o choro que se junta à chuva
o riso que se soma à conversa

os sons que cercam minha casa
até os que rondam minha cabeça
o peso da mente no travesseiro
a leveza de elogiar as pessoas que trazem luz

as palavras que tanto sufocam
que nunca transmitem o que penso
que nunca definem o que eu sinto
que nunca são úteis para expressar
são verdadeiras perdas que carrego,

mas quero andar.

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