CADERNO DE FICÇÕES

Malditas cercas que me impedem de chegar até você. Triste saber que só eu a vejo, triste saber que nossas semelhanças estarão separadas, triste ver o que está fazendo no outro lado. Sem mim, contra mim e para mim. Cicatrizes e feridas feitas pela cerca maldita, mas sua queda não terá poderes curativos. Mas sim, a fênix que há na divisa do falso paraíso.

Ar Contemporâneo Meus olhos julgadores martelam meu pensamento. Você não se encaixa no mundo, não és ninguém. Já precisei de ti, mas neguei até a morte, pois não quero que saibam que dirigi a palavra à uma pessoa tão impura e medíocre. Não me atrapalhe enquanto estou no pedestal, sou importante daqui de cima, nunca sentirá isso. Você será apenas quando há de convir... Se quer atenção, sirva-me até a última gota vista-me até a última peça que encontrar. És inútil, imprestável, pecadora e oportunista mas, de joelhos, imploro-te socorro.

Cercado de angústia em uma decoração branca. Pés na porta e poemas molhados no colo, desses que valem uma fortuna, mas ninguém daria um centavo neles. O branco vira sangue, o sangue vira prata. A prata vira um lindo colar, que sufoca suas vítimas sem dó.

Amor Descartável Te amei mais que tudo... só Deus sabe quanto. Se olhares para o passado, verás que é impossível esquecer, e verás que nada podia ser tão lindo e tão puro. Essa pureza foi contaminada com as piores sensações. A brisa, as mãos entrelaçadas, os corações sincronizados... lembranças de um tempo imutável. A vontade de esquecer é maior do que já foi nosso amor, a principal prova de que nosso amor foi descartável.

Passado Deixo-me prender no passado, quando as fotos eram verdadeiras e quando se podia andar na rua sem medo. Revejo os itens da infância, parceiros de todas as horas, ouço as músicas de um tempo quando tudo era mais simples. Quando me apaixonava a cada esquina, e quando o mundo era a novidade mais perfeita. Hoje, olho pela janela e me pergunto o que restará lembrar no futuro...