CADERNO DE FICÇÕES

tenho que tomar cuidado com o que ouço a trilha que escolho pra cada fase da minha vida elas marcam como manchas no tecido da existência formando assim meu próprio suéter somente cabe em mim e a mim lembro dos dias das minhas férias em que transitava com bicicleta por aí explorando ruas que nunca havia passado nos fones emanando uma liberdade única como se recuperasse meu estilo de usar meu suéter descanso para a mente e para o corpo em toques e obstáculos sem palco e notoriedade acho que isso é o que me atrai no anonimato poder pensar sobre mim penso nos momentos em que me deixo ser egoísta não contribuir com nenhuma imagem estereotipada sem estar sujeito ao olhar do outro mas sujeito às frustrações sujeito a pensar penso no que é obscuro em mim penso naquilo que o pensamento não chega na constituição do material misterioso do interior do pensar onde as palavras não chegam naquilo que posso guardar longe do pensamento penso na inalcançável substância que me dá vida penso na insignific...

Escrevo esse do espaço preso nesse lugar suspenso pelo vácuo o espaço é pouco determinante preso ou solto em até quantos metros quadrados se enquadra esse sentimento uma cela de prisão uma casa um prédio o planeta ou o espaço privados de sair de onde quer que nos encontremos estar aqui me fez perceber preso ou solto nada é liberdade se a sua visão guiar pelos detalhes ou a vontade sufocada de transcender por fim temos que afogá-la em passados ou em neuroses ou no próprio calabouço do desejo. Não espero sair daqui. O agora é vácuo, preso(a) liberdade.

Como se estivesse em uma canção eu sobrevoo sobre a música Entrego-me ao agora e me rendo impotente  Vejo lugares que já passei pessoas que conheci que desconheci e me desprezei  Estou na minha antiga casa criação de enterradas origens Teias de interação de integração e depreciação  Estou em uma faixa e agora tudo se encontra nela Tudo flui melhor respiro melhor, sustentado pelo vácuo Aqui tudo se fecha Não sei o destino a partir daqui Tenho nada a não ser o aguardo O agora é só a soma complexa dos passos anteriores.

as poças da rua acabam por refletir o sentimento de não ter lugar de ser suspenso da vida ou apenas buscar isso incógnita a ser definida do principio mais fundamental de impasses naturais humanos queda do aroma floral do ambiente quando a queima lenta do ácido passa por entre as entranhas da náusea e desconforto de ter e ser corpo o imperativo da escolha dos moinhos das perguntas da inquietação dos nervos o floral que acorda todos os dias comigo.